Vinte e dois anos, treze dias e algumas horas. Esse foi o tempo que levei pra descobrir que eu não preciso de algumas coisas pra ser feliz. Não preciso ouvir certas declarações lindas, porém clichês e tão verdadeiras que eu vi esfacelar por entre os dedos com apenas um toque. Nada ficou no lugar, parece que passou um furacão desgovernado e arrasou tudo por aqui. Onde eu estava enquanto isso acontecia a mim mesma? Perdida, talvez.
Um tempo relativamente longo, uma vida até agora, mas eu decidi limpar o armário da minha vida. Tirar de lá todo o entulho que além de não servir de nada, atrapalha, polui a visão e o espaço. É preciso dar espaço para o novo, para o que há de vir. Espaço para o velho também, que pode estar sufocado, apertado em função de futilidades e inutilidades entulhadas nas gavetas.
Pensando bem, preciso achar algumas coisas que talvez estejam perdidas em meio a tanta bagunça. Coisas que eu fui deixando por aí. Talvez entre elas esteja um pouco de dignidade, a paciência que me falta quando mais preciso, meu equilíbrio. Acho que encontrei! Sabia que podia estar por aqui em algum lugar, embaixo da cama e atrás da porta. Finalmente achei.
Posso colocar tudo que não preciso mais e dispensar. Não vou doar, não creio que precisem dessas coisas pra viver. Aliás, elas apenas atrapalham o crescimento.
Não é um exercício fácil, mas é um exercício diário e necessário. De agora em diante só fica o que e quem eu quiser. Devia ter tomado esse medida a muito tempo atrás, evitaria desgastes, sofrimentos e danos. Mas agora já foi. Então vamos a um recomeço. Contar a história de outra forma, protagonizando enfim minha própria vida.
Ufa! Que trabalhão! Agora é não deixar acumular, respeitar meu próprio espaço. E principalmente "não acomodar com o que incomoda".