domingo, 15 de julho de 2012

Um brinde aos homens de verdade

Hoje é Dia do Homem. Engraçado. Nem sei desde quando existe tal data comemorativa, talvez seja um novo golpe comercial, buscando abocanhar mais uma parte do mercado: mulheres querendo presentear seus filhos, amigos, amantes, namorados, maridos, pais...

Ser homem engloba tanta coisa esquecida, meramente obscurecida por uma ilusão social do que realmente é ser homem. Ser homem não é "pegar" 30 numa balada, não é apenas saber abrir um pote de azeitonas ou consertar aquele aparelho eletrônico (francamente, eles parecem programados para achar que NUNCA vão precisar de um mecânico ou eletricista, que sempre sabem o que fazer e, as vezes, sabem mesmo).

Ser homem é ser divertido nas horas certas, ser forte o suficiente para em momentos de dor, não deixar transparecer o nó na garganta, a lágrima desesperada por escorrer pela face, apenas por uma convenção social que prega que "Homem não chora nem por dor, nem por amor...". Mas acredite, eles choram, sofrem assim como nós, mulheres. As vezes não damos a eles o devido valor, deixamos passar despercebido pequenos gestos e atitudes que demonstram o quanto eles realmente se importam conosco.

Ser homem é ser gentil também. Puxar uma cadeira, um beijo na mão de vez em quando. A maioria de nós gosta de um pouco de cavalheirismo. Apesar de gostar também de um ar de cafajeste, de uma boa pegada e da ligação no dia seguinte.

Ser homem é ser humano, errar buscando acertar, perder alguns detalhes, mas saber admitir suas falhas.

Ser homem é ter alma de menino, fazer rir e quando ficar doente agonizar, pedir colo. Eles não demonstram suas fragilidades, se fazem de aço, mas se derretem por um carinho.

Ser homem é ser leal acima de tudo.

Feliz Dia do Homem a quem sabe sê-lo!

E fiquem gratas as mulheres que tiverem  ao lado um homem de verdade. Faça-o saber e não o deixe esquecer.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Breve tratado sobre o sofrimento humano


"Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima...", bradam insistentemente os clichês que (infelizmente) nos rondam. Seja pelas redes sociais, seja pela vida a fora. Sempre tem um pra negligenciar a dor alheia. Dizer, por exemplo, que "A vida é assim, José.". Isso me lembrou um texto que li numa das aulas da faculdade. As pessoas se atribuem constantemente o rótulo de "empáticas" tal qual o uso extremo que fazem da "virtude" humildade.

Sofreu? Simples? Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!

Veja bem que receita fácil.

Está sofrendo? Esquece. Passe uma borracha. Coloque um batom vermelho, caia na gandaia. Se é por amor, homem tem muito por aí. Pra que sofrer?

Pra que?

E isso pode ajudar alguém? Talvez. Mas eu nunca soube.

Penso que as pessoas deviam ter direito a sofrer, a chorar, a ficar tristes. Nossos dias não são um circo, um riso constante, uma alegria gritante e espalhafatosa. Todo mundo sofre.

Veja bem, andei pensando e cheguei a conclusão de que  não só a felicidade alheia incomoda, como também a infelicidade.

Além de ter que engolir o choro, fazer caras e bocas, ainda é preciso tolerar meio mundo dando receitas infalíveis (não solicitadas) sobre sua vida. Pra evitar, ou ao menos tentar, seja um pouco mais discreto em relação ao que sente, seja riso ou choro, desespero ou alegria. Saiba resguardar o que considerar importante. Pois se você bradar aos quatro ventos, fica difícil reclamar de possíveis intromissões alheias.

Não grites seu infortúnio ou glória. Afinal, tudo que é gritado acaba incomodando os vizinhos e dando a eles a falsa sensação de que já que possuem acesso ao seu estado emocional, podem também dar palpites e receitas milagrosas. Procure não pintar seu sofrimento em outdoors. Ter amigos, com quem desabafar é bom, mas nem todos estão preparados ou querem esse fardo. Você não precisa sofrer sozinho.

Está sofrendo? Viva, sinta, reflita. Mas não negligencie a si mesmo ou deixe que os outros tentem fazê-lo. Um carinho e um pouquinho de cuidado com nós mesmos nunca é demais.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Você jogou fora...

Longe de mim querer dar lição de moral ou dizer que tuas últimas decisões foram as erradas. Só que não posso me calar diante dos fatos. Você já se olhou no espelho hoje? Viu o quanto está mudada? Pois eu vejo nos seus olhos chorosos que insistem em tentar enganar a todos, aquilo que você mesma sempre soube. Na busca por adrenalina você deixou aí em algum lugar, perdido, jogado num canto aquele amor que sentia por ele. Você apenas abriu mão, quis seguir seu caminho. É totalmente aceitável, acredite. Mas veja bem, você não me parece feliz. E embora eu não possa conhecer teus pensamentos ou estar ao teu lado nas noites solitárias, sei que você o lembra, sente falta daquele amor que a algum tempo atrás gritava aos quatro ventos, eu sei que não acabou.

Mas você insiste em disfarçar com maquiagem aquela beleza natural que ele tanto admirava em você. Não sei se é cedo ou tarde, mas me pego pensando se algum dia vai sentir aquele frio na barriga novamente, se vai novamente se apaixonar. Provavelmente sim. Será correspondida, talvez. O que me intriga realmente é não saber como seria se tudo fosse diferente. Se você não tivesse jogado tudo no lixo pra viver um carnaval eterno em uma época em que o que as mulheres mais desejam flores, declarações. Você tinha o amor e isso me faz pensar como aquela canção "Será que amar é mesmo tudo?".

Talvez eu esteja sendo simplista, onde fica a liberdade? Talvez ela seja mais importante pra você. Não sei. Só sei que não é isso que vejo em teus olhos quando o vê passar ou quando alguém pergunta dele. Seus olhos ficam desbotados e inundados de uma tristeza tão cortante quanto uma navalha afiada. Mas não há lágrimas, talvez por que você aprendeu a controlá-las, talvez por que elas não sejam necessárias, talvez por que elas secaram....

Eu sei que você ainda se lembra de como foi bom se apaixonar por ele, como foi fácil, natural. E assim, naturalmente, o caminho de ambos se separou. Talvez eles se cruzem novamente, talvez agora você esteja na varanda olhando o trânsito agitado da metrópole com seus fones de ouvido, ouvindo uma banda melosa, ou alguma música dos Beatles que ele gostava, quem sabe "Yellow Submarine". Você ganhou o mundo, as festas, bebedeiras, os risos, escolheu outros corpos, outras bocas, mas em sua alma sabe que ainda lembra com ternura daquele cara que tinha tudo pra ser o errado, mas que te fazia sentir como a pessoa certa pra ser feliz no mundo.

Fico pensando se talvez agora, depois de talvez ler minhas palavras, você engula o orgulho e atenda o telefone ou lhe mande um sms. Talvez haja outra chance. Ou talvez não. Só queria ver novamente aqueles olhos risonhos, aquele sorriso contido e não o que tenho em minha frente: alguém se cor, sem chão.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Nostalgia


Para mim é a nostalgia a adrenalina da vida. Por que não? Simples como os versos de um poeta comum e enfadonho, é esse sentimento que mistura saudade, lembranças, sonhos que muitas vezes nos move, mexe com nossos sentidos. Lembranças, memórias. Miscelânea de emoções. O que seria das pequenas coisas do dia-a-dia se não fossem as lembranças? O pouquinho de cada pessoa que passou por nossas vidas, que fica vitalmente ligado a uma foto, uma música, um cantor, um perfume, um filme e por aí vai...
Confesso minha extrema nostalgia. E ainda que muitos tenham passado por minha vida, cruzado meu caminho, percebo que mesmo que não nos vejamos mais, percamos o contato, a lembrança estará viva sempre, nunca se apaga. Sou tão ou mais nostálgicas que aquelas senhoras abrindo os álbuns velhos e empoeirados e mostrando aos outros ou apenas a si mesma, acompanhada de uma imensa xícara de café. Se há lembranças afinal, é por ter existido um momento digno de ser eternizado na memória. Afinal, que seria da vida sem a nostalgia, sem as lembranças, sem a saudade?

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tempo, tempo...

Realmente o tempo não fez um acordo comigo, foi meu inimigo durante o ano de 2011. É pura enganação afirmar que somos nós quem fazemos o tempo. Ele escorre pelos dedos, lenta e suavemente. Tropeçamos no tempo e ao longo do caminho vamos deixando pedaços. Nada como o cotidiano para adormecer pequenos sonhos, como aquele de fazer um curso de italiano, tão almejado desde os 12 anos de idade, ou aquele de visitar uma cachoeira que na infância era seu refúgio. Enquanto o tempo vai passando por nós, literalmente nos atropelando, somos tomados por um estranho sentimento de descontrole da própria vida. Pensando bem, nem é culpa do tempo, seria injusto jogar todo o peso sob os ombros do "Senhor tão bonito", como diz a canção. O réu em questão é o dia-a-dia, são os compromissos, inúmeros, aqueles que se assumem em busca de um sonho, de um diploma. Eu rompi o acordo com o tempo há 5 anos, quando decidi fazer uma faculdade, seguir um sonho antigo. Com isso, pulei etapas, ganhei olheiras, perdi horas de sono, domingos na fazenda, cinema, os jogos do meu time, livros que adquiri e até hoje só foram adornos de estante, estão empoeirados, mas as páginas permanecem intactas, brancas como as nuvens do céu, inexploradas, me convidando a revisitar esse universo fascinante. Me rendi, ao tocar naquele bloco singelo de papéis, que me seduzia, me convidava. Agora eu posso. Espero. Ah, senhor tempo, fui eu que rompi nosso acordo, eu que o atropelei no caminho, mas os danos foram apenas meus, o senhor continua aí, intacto. Quase não o vi passar, a não ser quando me vejo no espelho. São 23 primaveras agora, um diploma e alguns sonhos: conseguir terminar um livro, fazer um curso de italiano, passar num concurso, ser uma boa profissional... Mas não se preocupe, agora eu sei quais os efeitos de romper o nosso acordo. Por isso reitero, faça um acordo comigo. Não quero apenas vê-lo passar diante dos meus olhos. Espero que ainda haja tempo.

sábado, 7 de maio de 2011

Como cães e gatos

Somos clichês, precisamos admitir. Cães e gatos da ficção transpostos para a realidade nua e crua. Disparamos nossas armas em um duelo que termina quando nos damos conta do quão tolos acabamos sendo boa parte do tempo. Aí viramos bichos fofinhos e manhosos que querem apenas colo, carinho, proteção. Nos aconchegamos um no outro, buscamos refúgio de nós mesmos.

Somos previsíveis como os casais clássicos de novela das 7, das tramas de Walcyr Carrasco, das comédias românticas hollywoodianas. Toda essa previsão tem algo a ver com nossa boa dose de humanidade.

Fizemos de nossas provocações um esporte extremamente competitivo, digno de Olimpíadas diárias. Cutuca daqui, retruca de cá e pronto: está armado o circo. Quem é mais palhaço aqui? Eu ou você? A quem queremos enganar com nossos personagens? Eles não condizem com a gente. Não transparecem o que na verdade somos, nossa essência, nosso segredo mais íntimo.

Guardado a sete chaves está nosso amor, intacto, inviolável, oculto por nossa trama enfadonha, agora não mais tão engraçada assim. Acaba ficando clichê além da conta. Volta e meia precisamos recorrer a nós mesmos, nos amar loucamente, nos entregar plenamente. Depois voltamos à cena. Dois bobos da corte fazendo papel de cão e gato para tentar amenizar e tornar mais tolerável o dia-a-dia. Às vezes um pouco de clichê é útil, nos ajuda a fugir desse fantasma que insiste em nos assombrar: a rotina. Essa sim está à espreita, é a setença de morte e anuncia o prazo de validade do amor.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Planos


Veja como são as coisas. Sempre fiz planos, tive sonhos, idealizei tantas coisas. Você chegou e mudou tudo. Trouxe consigo novos sonhos, novos planos. Ficou tudo diferente. Claro, vieram novas preocupações, medos, ansiedade, saudades. Uma vitamina de sentimentos, de sensações. Tudo novo.
Agora alguém divide tudo isso comigo. Se relacionar é isso, mais ou menos isso. Dividir, somar, multiplicar. Tudo que eu queria agora era subtrair, subtrair de mim essa saudade imensa do simples toque da sua mão, do brilho dos seus olhos castanhos que me fitavam por longos minutos, sem dizer uma palavra.
Hoje sei que não havia amado antes de conhecer você, que tudo aquilo que eu imaginava ser amor devia ser qualquer coisa, mas amor, amor mesmo, não era. Isso eu tenho certeza.
Na saudades a gente percebe quanto tempo perdeu de cara emburrada, que sejam dez minutos, mas são 10 minutos ao lado daquela pessoa que não se tem mais. Aprender a valorizar. Aprender a amar o suficiente pra que a simples existência de alguém, mesmo distante, em algum lugar, faça do mundo um lugar melhor, dêem um motivo real pra que, finalmente, faça-se planos esperando cumprir. Deite-se na cama e pense nele, que agora é menos um dia. Melhor pensar assim. Saudade que não sai de mim e no rádio Pink Floyd insiste em "How wish you here" adivinhando meu tom melancólico e saudosista. Eu queria, queria que você estivesse aqui, mas espero, espero por você, pra não precisar mais dizer adeus. Meu plano hoje é você e eu.