sexta-feira, 2 de julho de 2010

Desenhos invisíveis


Existem tatuagens invisíveis, grandes marcas que ficam na pele sem precisar de perfuração com objetos cortantes ou mesmo de força empregada para tal feito. Existem marcas profundas, inapagáveis que nenhum laser ou raspagem arrancam. Ninguém vê, mas quem carrega consegue enxergar. Essas marcas são lembranças encrostadas na pele, não saem, não desgrudam, não diluem, não somem. Os beijos tatuam nos lábios a marca dos lábios dele, as mordidas leves deixam marcas por onde passam. Pescoço, nuca, costas, toda a pele desenha um caminho, um mapa de todos aqueles momentos. Desenham a arquitetura dos corpos, a leveza e a destreza de cada simples movimento.
Essas marcas servem pra lembrar o que as vezes se tenta esquecer, são resquícios, testemunhas de todos os suspiros, de todas as carícias, do roçar sutil e prazeroso entre os corpos.
As marcas ficam. Não adianta esfregar na hora do banho, elas não vão escorrer pelo ralo. Não é tão simples assim. Elas são suas companheiras, e se existem e persistem é certamente por que algo não quer ser esquecido.

3 comentários:

  1. As marcas que de tão profundas viram cicatrizes, as cicatrizes que não se apagam e sempre se fazem lembradas. Queríamos nós não acumulá-las pelo corpo ao longo da vida.
    Brilhante como sempre.

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  2. Dizem que o tempo apaga as marcas.Que nada,ela apenas deixam de ser tão importantes para dar lugar,a outros pensamentos atuais.
    Mas quando você se sentir sozinha e triste,vai buscar lá na memória e vai sofrer como se tudo tivesse acontecido ontem.
    Realmente,nunca se apagam.

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  3. belo texto. e muito verdadeiro também ;)

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