sábado, 6 de fevereiro de 2010

Notas sobre a ditadura cultural

Francamente o que me levou a escrever hoje foi uma situação, ou situações, que tenho remoído a dias. Trata-se do quanto é chato, para não dizer insuportável, o modo como as pessoas praticam o que eu chamo de extremismo cultural.
Frequentemente eu e muita gente tem que ouvir que quem gosta de uma coisa não pode gostar de outra. Como se ouvir Beatles te proibisse de ouvir Calypso e coisas afins. Eu me ponho a pensar então onde está escrito uma patota dessas? Em algum manual de como ser um intelectual medíocre metido a saber o que é bom ou ruim para as pessoas, talvez. Uma informação adicional é necessária: o que temos a ver com o que o outro ouve, lê, pensa, vê, compra?
Seria legal deixar de hipocrisia e de pensar que todo mundo que ouve música Sertaneja é imbecil ou que quem dança tecnobrega não tem nada na cabeça, não tem cultura, como dizem "popularmente". Meus caros, todo mundo tem cultura, todo mundo vive em sociedade, apenas alguém totalmente isolado de qualquer vestígio de civilização, até mesmo da convivência com animais está dentro do seleto grupo de pessoas ditas "sem cultura".
Como seria bacana se antes de apontarmos nossos dedinhos sujos para a face do colega, pensássemos que se queremos ter direito a liberdade de expressão devemos começar respeitando o espaço do outro. Não se pode obrigar alguém a viver sob nossa tutela, pensando o que queremos que pense, ouvindo o que queremos que ouça, lendo apenas o que é dito "intelectual" ou, para mim, metido a  intelectual.
Vamos cometer o mesmo erro dos Padres Jesuítas que, ao chegarem ao Brasil tentaram "catequizar" os povos indígenas que já viviam aqui a séculos?
Os "pequenos ditadores" dentro da gente vivem gritando, tentando impor nossa lógica, ótica e visão de mundo a outras pessoas, mas o que custa refletir um tiquinho antes de sair por aí "dizimando" a cultura alheia.
As pessoas tem o direito de ouvir Calypso, gostar de Novela Mexicana, achar o Dado Dolabella ótimo ator, ter um visual emo, ler livros do Paulo Coelho e milhares de outras coisas em paz. Ninguém é obrigado a gostar também, mas uma coisa somos todos obrigados a RESPEITAR as escolhas, gostos e opiniões alheias. Isso, se alguém já se esqueceu, se chama DEMOCRACIA! E se continuarmos agindo como ditadores, jesuítas e nazistas como o próximo essa palavra vai deixar de existir, dando lugar ao que chamo de MEDIOCRACIA, terra de ninguém, aliás, terra de medíocres!

PS: Inventaram fones de ouvido, uma das grandes invenções da humanidade. Uma ajudinha básica para diminuir os atos terroristas contra os "gostos" alheios.

Ps 2:  Eu não curto Calypso ou Nx Zero, mas nada contra quem curte.

É isso. Um beijo especial pro Dani, 6 meses mais longos que já vi, longe do meu amigo adorado!

2 comentários:

  1. Amiga concordo com você!!Gosto cada um tem um.Eu gosto de sertanejo,Pitty,nara leão,Elis Regina,e não é só porque nasci na terra dos sertanejos que só vou gostar desse estilo de música.
    E nós que somos goianienses convivemos com algumas criticas dos outros estados,tanto por não ter praia como o nosso jeito de falar.
    Beijos amiga,parabéns pelo blog!

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  2. Lyris brilhante como sempre, mas com um que a mais de crítica e apelo social. Concordo plenamente com cada vírgula, um mundo esteriotipado é careta e sem emoções, e não é isso que eu quero pra mim, espero pelo dia que cada um possa gritar ao mundo tudo que pensa sem ser criticado ou sem ter vergonha por isso.
    Beijo.

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