sábado, 31 de julho de 2010

Apenas um beijo

Tínhamos todos os ingredientes pra dar errado. Desde o primeiro momento parecia que havia algo mais conspirando pelo contrário. Você chegou e me olhou com esses olhos castanhos, imensos, me senti paralisada, te confesso, não sabia o que falar. Acabei falando tanto quanto pude, numa tentativa idiota de disfarçar que você havia conseguido me deixar tímida. Quando finalmente consegui me calar, você me venceu pelo cansaço e foi chegando devagarinho cada vez mais perto. Pude sentir sua respiração enquanto se aproximava e aconteceu o que jamais podia prever.

Senti seus lábios tocando levemente os meus, a combinação perfeita, movimentos ritmados, harmônicos, como uma melodia composta em uma noite de Junho, numa pracinha de uma cidade do interior. Senti uma tranquilidade invadindo todo meu corpo, paz, a paz que eu sempre procurei encontrei em você.

Você contraria as leis que estabeleci pra mim mesma, não é o tipo de homem por quem eu me interessaria a primeira vista, tampouco queria eu me abandonar daquela forma, refém dos desejos de alguém. Então o beijo tão doce acabou e você me fitou de perto, como criança sem saber o que fazer. Eu queria pedir mais, mas preferi o silêncio. Então você se aproximou de novo, a melodia recomeçou e agora tuas mãos estavam entrelaçadas as minhas e, posso jurar, que nossos corações batiam no mesmo ritmo, no mesmo compasso.

Os dias passam e parece um sonho, as vezes distante, todos aqueles momentos. Mas quando eu acho que não poderei mais esperar, você me renova, dizendo as mesmas palavras que ouvi no nosso momento mais precioso: "Eu espero a vida toda por você, pois sei que vale a pena". Agora faltam só 12 dias, meu coração está apertado, mas te espera pacientemente, pois tudo que preciso é de mais um beijo teu.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Desenhos invisíveis


Existem tatuagens invisíveis, grandes marcas que ficam na pele sem precisar de perfuração com objetos cortantes ou mesmo de força empregada para tal feito. Existem marcas profundas, inapagáveis que nenhum laser ou raspagem arrancam. Ninguém vê, mas quem carrega consegue enxergar. Essas marcas são lembranças encrostadas na pele, não saem, não desgrudam, não diluem, não somem. Os beijos tatuam nos lábios a marca dos lábios dele, as mordidas leves deixam marcas por onde passam. Pescoço, nuca, costas, toda a pele desenha um caminho, um mapa de todos aqueles momentos. Desenham a arquitetura dos corpos, a leveza e a destreza de cada simples movimento.
Essas marcas servem pra lembrar o que as vezes se tenta esquecer, são resquícios, testemunhas de todos os suspiros, de todas as carícias, do roçar sutil e prazeroso entre os corpos.
As marcas ficam. Não adianta esfregar na hora do banho, elas não vão escorrer pelo ralo. Não é tão simples assim. Elas são suas companheiras, e se existem e persistem é certamente por que algo não quer ser esquecido.

domingo, 16 de maio de 2010

Lágrimas demais...


Cá estamos nós outra vez. As lágrimas correndo desenfreadas pela face e molhando o travesseiro ao qual você se agarra pra não parecer tão só nesse quarto escuro. Você acha mesmo que assim pode abafar o som dos soluços? Acha que ninguém percebe o quão boba você é? Ora, você não acha que está bem crescida pra esse tipo de cena grotesca. Não vê que ninguém sequer nota teu sofrimento?

Vamos, pare com isso! Não seja tola! Ninguém vai te botar no colo e afagar seus cabelos ondulados. Você está sozinha e terá que aprender a viver assim. Não é tão difícil. Levante-se daí e pare de choramingar. Eu sei que a dor te dilacera o peito e essas lágrimas são uma cachoeira de correnteza desordenada. Mas o que virá depois? Quem sabe aquela dor de cabeça que você bem conhece e que vai te deixar num sono profundo.Mas e quando você abrir os olhos novamente os problemas terão sido varridos pelas tuas águas cristalinas?

Você faz sempre a mesma coisa, se afoga em sua própria dor e não consegue racionalizar por um único momento. E quanto aos bandeirantes que fizeram toda essa água jorrar? Eles merecem a vitória? Merecem olhar amanhã e ver teus olhos vermelhos e a cara inchada?

Porque você não dá a eles um pequeno presente? Embrulhe teu melhor sorriso em papel de bala e desembrulhe-o demoradamente diante daqueles olhares dantescos e incrédulos.

Isso, minha cara, não é ser covarde. Isso é ser melhor e não se deixar abater por pequenas cachoeiras que ainda insistem em jorrar. O sorriso alimenta e fortalece a nós mesmos. Pobre menina grande, você ainda tem muito que aprender. Lave o rosto, seque essa dor estampada em letras piscantes. Sabe qual o próximo passo? Vista seu melhor sorriso.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Nada ficou no lugar...


Vinte e dois anos, treze dias e algumas horas. Esse foi o tempo que levei pra descobrir que eu não preciso de algumas coisas pra ser feliz. Não preciso ouvir certas declarações lindas, porém clichês e tão verdadeiras que eu vi esfacelar por entre os dedos com apenas um toque. Nada ficou no lugar, parece que passou um furacão  desgovernado e arrasou tudo por aqui. Onde eu estava enquanto isso acontecia a mim mesma? Perdida, talvez.
Um tempo relativamente longo, uma vida até agora, mas eu decidi limpar o armário da minha vida. Tirar de lá todo o entulho que além de não servir de nada, atrapalha, polui a visão e o espaço. É preciso dar espaço para o novo, para o que há de vir. Espaço para o velho também, que pode estar sufocado, apertado em função de futilidades e inutilidades entulhadas nas gavetas.
Pensando bem, preciso achar algumas coisas que talvez estejam perdidas em meio a tanta bagunça. Coisas que eu fui deixando por aí. Talvez entre elas esteja um pouco de dignidade, a paciência que me falta quando mais preciso, meu equilíbrio. Acho que encontrei! Sabia que podia estar por aqui em algum lugar, embaixo da cama e  atrás da porta. Finalmente achei.
Posso colocar tudo que não preciso mais e dispensar. Não vou doar, não creio que precisem dessas coisas pra viver. Aliás, elas apenas atrapalham o crescimento. 
Não é um exercício fácil, mas é um exercício diário e necessário. De agora em diante só fica o que e quem eu quiser. Devia ter tomado esse medida a muito tempo atrás, evitaria desgastes, sofrimentos e danos. Mas agora já foi. Então vamos a um recomeço. Contar a história de outra forma, protagonizando enfim minha própria vida.

Ufa! Que trabalhão! Agora é não deixar acumular, respeitar meu próprio espaço. E principalmente "não acomodar com o que incomoda".

sábado, 27 de março de 2010

Recordação


Deixa eu ficar do seu lado?

segunda-feira, 15 de março de 2010

Delicada


Queria ser delicada como as pétalas da mais simples rosa. Queria ter em mim a leveza dos pés da bailarina fazendo do palco seu picadeiro de emoções. Queria ser calma e suave como a brisa de um dia de verão.

Mas acabo sendo como una navalha afiada, peco em algumas palavras mal ditas, não ditas ou até que não deviam ser ditas.

Não sei dançar, bailarina nunca pude ser. Tenho a desenvoltura de um pato correndo na beira do lago para não ser pego, tropeço em minhas próprias pernas.

Ainda faço tempestades, algumas de pequena outras de grande proporção, mas acabo destruindo com elas meus poucos dias de verão.

Eu queria, como Cazuza, a sorte de um amor tranquilo, mas acabei esbarrando pelo caminho com tantas tormentas e desamores que as vezes custo a acreditar que esse sonho seja possível.

Não sou solúvel em água, se o fosse já teria me esvaido nas águas que derramei, que escorreram face abaixo.

Sou assim, as vezes doce, as vezes amarga. Mas sei reconhecer minhas falhas e buscar nelas forças pra caminhar e seguir em frente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Três horas

Parece que foi hoje, mas foi ontem e eu queria que fosse agora. Ainda lembro com carinho da primeira vez que te vi, do modo como nos reconhecemos um no outro. Eu nunca gostei de caras cabeludos, tinha um certo preconceito, confesso. Mas você fez cair por terra meus estereotipos. Só hoje fui me tocar que já vai fazer seis meses desde que nos esbarramos por aí. Parece que faz mais tempo, pelo menos a vida toda.

Você nunca precisou de frases feitas ou de recados melosos pra me demonstrar todo seu carinho por mim. Você me mostra tudo no seu sorriso, no modo como me ouve atentamente e opina sobre minhas próprias opiniões. A gente discorda, mas não briga. Você consegue ser carinhoso até pra bater levemente na minha testa num tom de brincadeira. É tudo tão natural.

A gente se entende e cozinha até bem juntos, conversando sobre a vida e inventando coisas mirabolantes demais pra um simples molho de macarrão.

Ontem quando você abriu a porta depois dos dois ônibus que peguei e da mochila pesada que eu carregava eu vi que tinha valido a pena aquela caminhada. Teu abraço forte e sincero e jeito terno de me olhar foram minhas recompensas.

Tivemos três poucas horas pra matar as saudades, pra comprar Coca Cola no mercado e discutir filosoficamente porque ainda tomamos se faz tão mal. Dane-se, é gostoso! Concluímos aos risos.

Um almoço simples em família e eu concluí que queria  mais almoços assim aos domingos. E que tua mãe cozinha melhor que eu, sorte sua!

A gente dividiu nossos planos, nossos sonhos e inquietações e eu pensei por dois segundos que queria perder a carona de volta, pra prolongar um pouco mais a nossa conversa. Mas a carona nem atrasou e veio a despedida e mais dois abraços ternos e alguns "Gosto de ti, cara!", que você disse entre sorrisos. Só você me chama de cara sem me irritar, só você me faz pegar 2 ônibus lotados sem reclamar, só você modificou a minha vida pra melhor mesmo a 326 km de mim, em cinco encontros e em papos inúmeros no MSN.

Talvez se a gente se visse todo dia não seria especial como é. Especial como você é. Deve ser por isso que te escolhi pra ser meu amigo e pra caminhar comigo, não importa onde estiver.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nossa despedida


Eu procurei durante esses meses a resposta para o fato de não conseguir te esquecer. Para continuar presa a sua lembrança e me sentir um fantasma, sozinha, desamparada. Procurei descobrir porque me sentia tão vazia e tão cheia do mundo. Queria saber a razão de te lembrar a cada dia, mesmo nos pequenos detalhes.

Hoje eu descobri que pra me livrar desse passado necessitava lembrar de mim, lembrar que estou viva. Precisava me sentir desejada novamente. Precisava que alguém me devolvesse o que você me tirou: a confiança em mim mesma.

Descobri que não preciso me agarrar a essas lembranças, que posso te deixar ir, finalmente, de dentro de mim.

Eu precisava de carinho, de olhar nos olhos de alguém e ver que realmente posso ser enxergada, vista, apreciada. Eu me vi naqueles olhos castanhos, me senti viva de novo quando aqueles lábios tocaram os meus e a dança frenética de nossos corpos entrelaçados me provou que posso seguir em frente.

Me lembrei do quanto é bom ser sentida, ouvida, ser tocada, Não tive pressa. Quis apreciar aquele momento em que me despedia de você. A nossa despedida e o que restou dos sonhos que um dia construí. Tudo por água abaixo e eu ainda sorria. A chuva mansa foi a melodia dessa nossa despedida.

Dou boas vindas a mim mesma novamente. Coração aberto e os olhos limpos para olhar o horizonte, acreditando que eu mereço todos aqueles sonhos. Foi você que nunca mereceu estar neles.

O que será amanhã? Ainda não sei. O futuro é incerto, mas já não tenho medo. Não vou deixar nunca mais um homem roubar o que tenho de mais precioso: eu mesma.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Abrem-se as cortinas, começa mais um festival de hiporcrisia


Respeitável público, é com vergonha que anuncio as boas novas, ou melhor, as péssimas antigas. Continuamos vivendo num país onde ter opinião é entendido como um motivo a mais pra pessoa ter seu discurso desclassificado, como se ainda vivêssemos no período repressivo e tenebroso povoado pelo fantasma da censura e, de certa forma, é assim que as coisas são.

Quanto a você palhaço!Você precisa dizer algo que agrade, sorria, seja engraçado, faça uma piadinha ali outra acolá, mas nada que pise no calo de ninguém, pois veja bem, você não pode ser mais que o bobo da corte, está ali pra entreter, então relaxe e abra mão de suas convicções ao menos enquanto sobe ao palco, quem precisa de convicções? Quem precisa ter senso de justiça quando se tem o riso como arma de alienação de uma massa que não tem acesso a uma série de informações que você teve?

 Preste atenção, eu sei do que digo, não vale a pena porque se você tentar transgredir as regras sabe quem vai se voltar contra você? As pessoas que você tenta inutilmente abrir os olhos e ainda não percebeu que não vai adiantar nada, que é uma guerra na qual você luta sozinho. Renda-se como os outros e vai ser tudo mais tranquilo, na mais perfeita ordem. O que te oferecemos é a moralidade hipócrita e despudorada, onde existem pesos e medidas diferentes dependendo da sua condição financeira e seu lugar na sociedade.

Não queira fazer as pessoas aprenderem a rir de si mesmas. Levamos muito tempo pra transformá-las em vítimas e fazê-las acreditar que se fizerem o que você pede elas estarão se humilhando. Pegue sua filosofia crítica que aprendeste vendo esses programinhas americanos que só ensinam as pessoas a ser rebeldes sem causa e enterre no quintal. As pessoas precisam acreditar que a cultura americana é um lixo, faz bem pro ego, faz elas não se sentirem tão diminuídas, isso é até bom por um lado, elas ficam achando que não pensam como um país subdesenvolvido que quer ser chamado de país em transição, mas onde as pessoas não tem fome apenas de alimentos, carecem não só de nutrientes, mas são subnutridas de sonhos e de uma autopiedade que é necessária para que o sistema continue funcionando.

Então meu caro, quem é você pra querer mudar? Quem é você pra querer desmoronar o que levamos mais de séculos para construir? Você se acha esperto demais, mas vai cair do cavalo. As pessoas não precisam dessa acidez toda, precisam pular o Carnaval, se contentar em ser o país do samba e do bom futebol. Somos  os melhores nessas coisas, não precisamos de pessoas que conseguem pensar sozinhas, elas dão trabalho, vai virar um caos. Definitivamente não.

Seja sensato o bastante, você não quer o bem das pessoas? Pois então, dê cambalhotas e fale de alguma sub-celebridade, dá certo, mas cuidado pra não pegar pesado e para a pessoa não se irritar com você, aqui tudo é processo, se você não se lembra. Faça os magrelos rirem falando dos gordinhos, faça os gordinhos acreditarem que são dignos de riso mesmo e sentirem mais pena de si mesmos. Faça piada com os portugueses é um revide a altura da colonização que assassinou culturas, povos, sonhos. Fará as pessoas se sentirem melhor. Faça piadas com animais, eles não podem te processar, mas tome cuidado com os vegetarianos e com a Sociedade Protetora dos Animais.

Faça a roda girar, de vez em quando a gente pode soltar as correntes e você pode dar uma alfinetada em algum líder mundial por aí, mas não fale do nosso por que ele, assim como o resto da grande massa, vai se revoltar contigo. Isso não vai ser bom pra você, vai por mim.

Por hoje é só, agradeço sua colaboração. E reflita sobre tudo que te disse. Se quiser te arrumo um livro de auto ajuda ou te dou 15 dias na Bahia, você voltará renovado. Isso é Brasil!

(Um cara se levanta da platéia e vai embora pensando "As pessoas vão acabar me vaiando, já que por aqui quem merece aplauso é vaiado e quem é aplaudido merecia vaias, muitas vezes. Mas e daí? Dane-se! Eu não trabalho pelos aplausos...")


Texto dedicado a Danilo Gentili e a todos aqueles que procuram fazer alguma coisa pra mudar a realidade e não se acomodam com essa alienação e a vitimização do brasileiro. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Os homens da minha vida


Eu sou estranha, admito. Falo pelos cotovelos, falo alto, tenho uma risada grotesca e que me faz ficar envergonhada quando rio em público. Aliás, eu tenho medo das pessoas, me frustrei tantas vezes que agora eu penso muito, reflito antes de deixar alguém ser parte da minha vida, me conhecer. Não porque me ache melhor que as pessoas, não porque me veja frágil e indefesa perante o mundo e sim pelo simples fato de já ter passado por situações que me ensinaram que as coisas deviam ser assim.

Acredito que foi a decisão mais acertada, mas algumas coisas não obedecem a essa lógica que tracei. Algumas pessoas me invadem sem pedir licença e se alojam em mim e por mais que eu queria não consigo tirá-las, arrancá-las e nem negociar os sentimentos que as devoto.

Leoni me invadiu com suas "50 Receitas" uns anos atrás, em dias que nem quero recordar. E até hoje ele me toca, se renova em mim. Seus versos soam como um reflexo das coisas que sinto, e a grande maioria das suas músicas fazem parte do meu dia-a-dia.

Outro que me invade sempre é Hebert Vianna, sempre presente me lembrando que ele transformou em música as dores e anseios de muitos, inclusive a minha.

Pablo Neruda me invade com seus versos inconsequentes, me dilacera a alma com sua sensibilidade e traz de volta a realidade, quando necessário. Suas palavras me tocam e meu desejo é de trazê-lo de volta a vida só para abraçá-lo e agradecer o bálsamo que me fornece nos momentos difíceis.

Álvares de Azevedo traduziu-me em alguns poemas e sou grata e ele que me deu a oportunidade de compreender a mim mesma.

Damien Rice com seu violão afinado e sua voz rouca e suave acalmam e aliviam o peso de alguns dias difíceis.

John Lennon e Elvis vão sempre ser os maiores intérpretes da história pra mim. Cantavam com o coração e vivem na memória daqueles que mesmo que não tenham nascido em suas épocas sentem como se eles cantassem hoje, a música rompe as barreiras do tempo, da vida e da morte.

Esses são os homens da minha vida, que me atravessam, me fazem rir, chorar, aqueles de quem não abro mão, que nunca me conheceram, mas que em suas letras e versos traduziram os sentimentos,anseios, dores e amores de uma alma feminina inconstante e confusa como a minha.

Ouvindo "Quase um segundo" de Os Paralamas do Sucesso e pensando que um dia alguém vai me tocar mais fundo que todos eles juntos e daí eu vou entender o que é ter um amor correspondido, finalmente.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Das coisas que ficam


Recordar é viver, já dizia o poeta. Mas viver preso a recordações é aprisionar-se nas grades do passado, onde não se consegue enxergar o futuro, a não ser por umas frestas de luz. Mas tem certas coisas que ficam, certas coisas que marcam e que não se apagam da memória.
Eu achei a foto do meu primeiro amor, dentro de um caderno, nem ele sabe que tenho essa foto. Acho que foi o sentimento mais doce e puro que eu já vivi, da forma mais inocente, a forma como me olhava, como me sentia protegida só com aquele olhar carinhoso dele... Passou, eu tinha 12 anos, e de lá pra cá se foram mais quase 10 anos, mas eu não quero rasgar a foto, ou simplesmente jogar fora, ela faz parte de um passado que eu quero lembrar, quero nunca esquecer que eu mereço sim ser amada, que eu mereci cada olhar terno e amoroso que recebi dele e que mesmo sendo uma criança naquela época, ele via o melhor em mim e com ele aprendi a ver também. Nunca mais soube dele, só tenho uma foto e um nome e a certeza de que eu mereço mais do que os homens que conheci me ofereceram. Eu mereço mais que as falsas promessas que me fizeram.
Tenho o direito de sonhar, e de firmar meus pés no chão. De me olhar no espelho e gostar dos meus traços, dos meus olhos pequenos, dos meus lábios, do meu sorriso. Direito de sorrir pra mim no espelho, de andar na rua e de lançar olhares quando quero, prendendo atenção de alguns as vezes.
Não quero viver da saudade que sinto daqueles dias de 2000, nem do quanto fui tola por deixá-lo ir, mas eu tinha 12 anos, o que se pensa ou se espera nessa idade?
Os homens que passaram por minha vida depois disso só me mostraram o pior do mundo, das pessoas. Fizeram eu odiar minha imagem no espelho, me achar pouco demais, menos do que nada. E eu acabei acreditando neles e me tornando digna de pena alheia.
Mas ainda há tempo pra reverter a situação, virar o jogo e voltar a acreditar no que me diziam aqueles olhos castanhos, naquela época eu não sabia, mas hoje, quando olho para a fotografia amarelada descubro que tudo que eles tentavam me dizer era "Você merece ser feliz!".
Levei 10 anos pra compreender, mas antes tarde que nunca. Se eu pudesse dizer algo a ele, citaria a ele uns versos mais ou menos assim

"De todos os que me beijaram
De todos os que me abraçaram
Já não me lembro e nem sei
São tantos os que me amaram
São tantos os que eu amei
Mas tu que jamais me beijaste
Tu que jamais abracei
Só tu que nesta alma ficaste
De todos os que eu amei."

Não vai ser fácil esse exercício, mas vou me esforçar por um único motivo: eu acredito no que os teus olhos me disseram. E só.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Notas sobre a ditadura cultural

Francamente o que me levou a escrever hoje foi uma situação, ou situações, que tenho remoído a dias. Trata-se do quanto é chato, para não dizer insuportável, o modo como as pessoas praticam o que eu chamo de extremismo cultural.
Frequentemente eu e muita gente tem que ouvir que quem gosta de uma coisa não pode gostar de outra. Como se ouvir Beatles te proibisse de ouvir Calypso e coisas afins. Eu me ponho a pensar então onde está escrito uma patota dessas? Em algum manual de como ser um intelectual medíocre metido a saber o que é bom ou ruim para as pessoas, talvez. Uma informação adicional é necessária: o que temos a ver com o que o outro ouve, lê, pensa, vê, compra?
Seria legal deixar de hipocrisia e de pensar que todo mundo que ouve música Sertaneja é imbecil ou que quem dança tecnobrega não tem nada na cabeça, não tem cultura, como dizem "popularmente". Meus caros, todo mundo tem cultura, todo mundo vive em sociedade, apenas alguém totalmente isolado de qualquer vestígio de civilização, até mesmo da convivência com animais está dentro do seleto grupo de pessoas ditas "sem cultura".
Como seria bacana se antes de apontarmos nossos dedinhos sujos para a face do colega, pensássemos que se queremos ter direito a liberdade de expressão devemos começar respeitando o espaço do outro. Não se pode obrigar alguém a viver sob nossa tutela, pensando o que queremos que pense, ouvindo o que queremos que ouça, lendo apenas o que é dito "intelectual" ou, para mim, metido a  intelectual.
Vamos cometer o mesmo erro dos Padres Jesuítas que, ao chegarem ao Brasil tentaram "catequizar" os povos indígenas que já viviam aqui a séculos?
Os "pequenos ditadores" dentro da gente vivem gritando, tentando impor nossa lógica, ótica e visão de mundo a outras pessoas, mas o que custa refletir um tiquinho antes de sair por aí "dizimando" a cultura alheia.
As pessoas tem o direito de ouvir Calypso, gostar de Novela Mexicana, achar o Dado Dolabella ótimo ator, ter um visual emo, ler livros do Paulo Coelho e milhares de outras coisas em paz. Ninguém é obrigado a gostar também, mas uma coisa somos todos obrigados a RESPEITAR as escolhas, gostos e opiniões alheias. Isso, se alguém já se esqueceu, se chama DEMOCRACIA! E se continuarmos agindo como ditadores, jesuítas e nazistas como o próximo essa palavra vai deixar de existir, dando lugar ao que chamo de MEDIOCRACIA, terra de ninguém, aliás, terra de medíocres!

PS: Inventaram fones de ouvido, uma das grandes invenções da humanidade. Uma ajudinha básica para diminuir os atos terroristas contra os "gostos" alheios.

Ps 2:  Eu não curto Calypso ou Nx Zero, mas nada contra quem curte.

É isso. Um beijo especial pro Dani, 6 meses mais longos que já vi, longe do meu amigo adorado!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Passado realmente é passado?

Sempre tem alguém pra nos dizer pra esquecer, alguém disposto a te "ajudar". Se é que esquecer vai ajudar em alguma coisa, em todo caso. A gente quer sempre colocar as coisas pra baixo do tapete, como a sujeira que não queremos que ninguém veja, mas ela continua ali, não importa o que façamos, não dá pra varrer as coisas como poeira, fazer desaparecer. Algumas vezes, muitas até, desejamos esquecer. Mas esquecer implica em tanta coisa, e as lembranças as vezes nos fazem companhia.

Quando penso naquele filme do Jim Carey, "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" penso o que aconteceria se realmente houvesse um modo de arrancar de nós todas as lembranças de alguma coisa que nos machuca, nos faz sofrer. Pode parecer o caminho, a princípio, mas vai faltar parte da nossa história, parte se perde, nos tornaríamos seres incompletos. Tem gente que não tem escolha, tem doenças degenerativas que acabam por "roubar" as memórias. Mas a maioria tem escolha.

Não dá pra escolher do que lembrar, nem do que esquecer. Podemos fingir que não existiu, mas não dá pra ignorar totalmente o passado, ele faz parte do presente, mesmo que não se queira, mesmo que se lute contra isso.

O que não significa que devemos nos aprisionar no passado, remoer, viver em universo paralelo. O passado nos serve de experiência, a vida é feita de boas e más recordações.
Eu vi um documentário muito bacana chamado "Memória para uso diário" que narra uma das memórias que o brasileiro insiste em ignorar: A ditadura militar. Ainda tratamos como terroristas aqueles que se negaram a deixar que nosso país se tornasse o que muitos se tornaram. Não honramos a memória desses homens, mulheres, cidadãos brasileiros que deram sua vida pelo país. Não eram herói bondosos, tinham seus defeitos como qualquer ser humano, mas lutaram, e são relegados a nada mais que nomes de algumas ruas, praças e alguma referência de vez em quando. É realmente esse o destino de páginas tão importantes da história desse pais?

É realmente incrível que num governo que se diz de "esquerda" os arquivos do DOPS ainda não possam ser abertos e os culpados encontrados. Todo o horror, a dor permanecem vivos na memória de amigos e familiares daqueles que tiveram a vida encerrada como se fosse apenas um capítulo qualquer. Tem arquivos que só serão abertos em 2028, muito tempo não? Quase tanto tempo quanto a Secretária de São Paulo disse que levaria para resolver o problema das enchentes em São Paulo. Cômico se não fosse trágico.

 A tortura ainda existe, mesmo com o fim da ditadura e agora ela é cometida não mais contra militantes políticos e sim contra jovens, pobres que são brutalmente assassinados e tachados de traficantes, assim como os militantes eram tachados de terroristas. TEM GENTE MORRENDO, TEM FAMÍLIA INTEIRAS SENDO TORTURADAS NESSE MOMENTO!


A dor de não saber onde está um ente querido, nem poder chorar a sua morte, não ter a quem enterrar, não saber de nada. Ou ainda cidadãos trabalhadores que são enterrados como bandidos e os culpados são os heróis, que varrem as ruas do crime. Se realmente todas as pessoas que morrem em supostas "troca de tiros com a polícia" fossem bandidos não existiria mais crime, estaríamos a salvo da violência. Ocorre que acreditamos em histórias pra boi dormir e engolimos. porque nós, classe média, pedimos essa proteção, proteção de que e contra quem? Alguém lembra dos "assassinos armados uniformizados" trecho da letra de Veraneio Vascaína do Capital Inicial? Mais ou menos isso.

Ainda honramos com medalha aqueles que tiram vidas inocentes. Vivemos em uma velada guerra civil e só se deu conta disso quem perdeu alguém nessa guerra. O simulacro do espetáculo, a vida urbana, a guerra, as mortes, a dor, tudo virou um show na TV que depois que desligamos a mesma, passam a fazer parte da sujeira que varremos para baixo do tapete.

"Os fatos não deixam de existir simplesmente porque passamos a ignorá-los"
 Esse texto não é uma lição de moral, é uma reflexão. Afinal, quando foi que deixamos de lembrar do mais importante: o nosso semelhante?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Game Over!


É só isso. Essas duas palavras que te sobressaltam e te provocam quando está jogando algum de teus games e por algum motivo perde, são as únicas que lhe reservo. Teu jogo pode até ser divertido, pra você, mas já estava ficando cansativo demais, você deve admitir para si mesmo.


Acabaram-se os sorrisos meus dedicados a você, agora quando me encontrar tudo que restará será um tímido "Oi", sem sorrisos, seco e cortante como uma navalha afiada.

Não se trata de castigo, quem sou eu pra castigar alguém?

Se trata de não perder mais tempo com esse jogo, não estou aqui pra você me manipular como faz com o controle, não sou uma animação computadorizada, e não tenho tantas vidas pra sair por aí morrendo e voltando na próxima fase.

Se você quer jogar, agora jogue sozinho, talvez seja disso que você tem medo. Aqueles que jogam sozinhos não tem como quem jogar, são criaturas solitárias que gastam horas em frente a uma máquina fria diante de um mundo que existe apenas dentro dessa mesma caixa, mas um mundo que você não pode tocar, sentir.

Já não vou mais ter aquele brilho nos olhos ao ler tuas palavras, agora me soam tão clichê que meu riso seria apenas um deboche. Já não vou mais me desmanchar diante dos seus olhos, me abandonar em teus abraços esperando que você me tome como já fez.

Não me contento com as promessas que teus olhos fazem e que tuas atitudes fazem ruir perante meus olhos. Não me bastam mais as palavras, não me basta mais o teu mínimo.

Escolha outro Player 2. Esse jogo me deixou entediada, devo confessar, além de um tanto quanto aborrecida. Sendo assim, me retiro e lhe deixo uma certeza: se quiser realmente algo de mim, faça por merecer, seja digno de gozar de meus sentimentos, delírios, suspiros, abraços e beijos. Se quer jogar, jogue contra a máquina, quem sabe não seja capaz de ganhar? Por hora, pra você é GAME OVER!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O homem que sorria com os olhos


Eu conheci um cara diferente de tudo aquilo que já havia visto, na verdade acho que o reconheci porque pareceu-me mais um reencontro que um primeiro encontro, logicamente contando com todas aquelas sensações de primeiro encontro.

Nervosismo, ansiedade, borboletas no estômago, taquicardia e etc foram a pedida da vez.

Eu presenciei a arte em sua forma mais pura, mais simples, tocando a todos por meio de risos incontidos, gargalhadas espalhafatosas, inclusive. Público e artista se encontrando, se reconhecendo um no outro, um entrega espetacular que em palavras seria difícil explicar.

No palco havia um menino-homem, sonhador, inconsequente que era capaz das maiores proezas em nome do espetáculo fascinante: entregar-se apaixonadamente á sua arte, aquilo que lhe alimenta o corpo e a alma.

A platéia extasiada aplaudia e isso recarreagava suas energias para ir mais fundo, mais além.

Ao final havia no palco um homem em toda sua grandeza, daquele que descobriu na arte uma maneira de dividir com o mundo a alegria que existe em seu coração, a alegria de viver.

Ele sabe como ninguém que é preciso e até saudável rir de si mesmo e o faz com maestria, brinca com as palavras, com os gestos, com o sons. Cria e recria faces, mas não se perde de si mesmo.

No palco é a alma que sorri e seus olhos de menino levado que acaba de cometer uma travessura também sorriem, brilham, um brilho intensamente vivo e contagiante.

As cortinas se fecham e ele continua rindo, pois sua maior alegria é fazer o mundo sorrir.

"Guerreiro da Paz , Mensageiro da Alegria.." é assim que você se define, para mim é algo a mais, é o homem que consegue sorrir com os olhos e mostrar ao mundo uma nova forma de enxergar a vida, com olhos de criança, meiguice juvenil e maturidade pra tentar deixar o mundo melhor do que o encontrou.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sonho que se sonha só, é só um sonho...

Os sonhos são, desde os primórdios, desde que o homem consegue se comunicar, um dos grandes mistérios da humanidade. Seriam recados místicos? Formas de punição? Premonição do futuro? Sinal divino? Realização de desejos reprimidos sob outras formas socialmente aceitáveis, como propôs Freud?

Acho que os sonhos são uma forma de nos mantermos conectados ao mundo mesmo quando temos que descansar e recarregar as energias. São uma mistura de coisas que queríamos que acontecessem, coisas que tememos acontecer, coisas que já nos aconteceram ou que queríamos dar outro desfecho.

Na verdade, quando sonhamos podemos ser quem quisermos, como quisermos, fazer coisas que acordados não conseguimos fazer.

Tem sonhos que são tão reais que sentimos cheiros, toques, gostos, sonhos que ludibriam nossos próprios sentidos. E quando acordamos fica aquela sensação de que não foi um sonho, de querer dormir novamente.

Os sonhos são uma continuidade da nossa vida, uma outra realidade, uma outra forma de sentir, governada por outras regras que não conseguimos entender.

E acaba que ao despertar buscamos nos agarrar desesperadamente ao travesseiro, para sonhar, para sentir e talvez, quem sabe, amar.

Os sonhos ás vezes nos mostram coisas de nós que ignorávamos, ou fingíamos não enxergar.

Quando despertar de um sonho tão bom que você sinta que foi retirado do paraíso, não se aborreça ou queira quebrar o despertador, há sempre uma outra chance de sonhar, outras noites virão.

Pena que não é assim na realidade dos olhos abertos. Uma oportunidade perdida pode significar que algo sairá de nosso alcance e se tornará apenas acessível em sonhos.

Devemos sonhar não só de olhos fechados, mas de olhos abertos também, pois podemos concretizar nossos sonhos, sonhando com o coração, mas sem tirar os pés do chão.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Pequeno ensaio sobre o medo

Não é fácil para nenhum ser humano admitir sua fragilidade perante o mundo. Não é fácil admitir que temos medo, que ás vezes choramos á noite, escondidos, com travesseiros abafando os gemidos ou com a música em último volume, ocultando os gritos. A triste verdade é que temos medo da solidão, medo do mundo, medo da vida, medo do amanhã, medo de não haver amanhã.

Constantemente é esse medo que nos faz companhia, nos olha nos olhos, nos aterroriza. Aprendemos a prever se vai chover amanhã, mas não sabemos se amanhã vamos estar vivos para olhar a chuva da janela.

Nós simplesmente temos medo e não sabemos lidar com isso. Somos eternas crianças assustadas, e muitas vezes as crianças conseguem ter mais coragem que nós. Nos escondemos por trás de fantasias adornadas nos carnavais da vida e, mesmo com todo o chocolate que ganhamos na Páscoa, as coisas não são doces e nem simples.

Nos agarramos aos outros em busca de um abrigo, de proteção. Nosso maior medo é o de ficar sozinhos, pois é na solidão que ficamos mais fragilizados, e todos os outros medos emergem, nos abalamos com mais facilidade. Então buscamos no outro algo que queríamos que houvesse em nós, algo que o outro também não tem, ou não tem o suficiente.

Nos apoiamos na esperança de que alguém possa nos oferecer aquilo que não temos. Nos acovardamos a cada dia, quando nos tornamos anestesiados ao sofrimento alheio. Quando queremos nos mostrar superiores, inabaláveis, verdadeiras fortalezas.

Acontece que uma hora as fortalezas se desmancham, como sonhos de verão, e cabe a nós recolher nossos próprios pedaços, recolher-nos á nossa insignificância de meros mortais, meros seres que não controlam o tempo ou o espaço, que não sabem lidar com a própria vida, precisando que uma caixa na sala lhe mostre outras vidas com que lidar, mais clichês e mais fáceis, tendo um final feliz, afinal.

Acabamos nos aprisionando em nós mesmos, esquecendo quem somos realmente no fundo, em algum lugar de nós. Vestimos as máscaras e as armaduras e saímos para a escola, faculdade, trabalho com a certeza de que algo pode acontecer e que temos que ser fortes, aguentar o “tranco”.

Travestimos nossos medos, subestimamos os outros quando achamos que ninguém vai notar o verdadeiro “nós” escondido. Por mais fundo que ele esteja, não é preciso procurar muito, os olhos denunciam, na maioria das vezes.

Tem pessoas que sorriem, e podem realmente estar alegres naquele momento, mas seus olhos estão sempre tristonhos, parecem pedir ajuda, a parte oculta implorando por ajuda. Querendo proteção.

A verdade é que não queremos ser amados, não queremos ser desejados, ou idolatrados. No fundo, todos querem ser protegidos. Se sentir seguro é um tesouro. Ter alguém que te abrace e diga que tudo ficará bem, que você não está só nesse mundo, que haverá alguém pra segurar sua mão, pra te dar antibiótico quando você tiver febre, pra te amparar quando seus sentimentos forem feridos, destruídos, esmigalhados.

Pensei comigo mesma que ao invés de “eu te amo”, a frase mais bonita que queremos ouvir hoje em dia é “você está bem?”. Queremos que as pessoas ao nosso redor se preocupem conosco, nos apoiem, nos acolham. Amar, significa amparar, dar apoio.

Brigamos com o mundo, queremos que ele nos dê esse ser que vai nos amparar e nem todos conseguem amparar, receber o outro, dar suporte, não é um defeito, mas cada um tem suas limitações, suas fronteiras, seus bloqueios.

Um abraço acaba valendo mais que todos os beijos que já vimos em filmes, pois na verdade o que queremos sentir que somos parte de algo, parte de alguém, que nos encaixamos no mundo e que não somos braços estendidos ao sabor do vento, que esperam por outros braços que nunca virão.
Queremos que nossos pais, amigos, namorados, irmãos, supram nossa incompletude, nossa finitude, nossa humanidade.

Li uma frase uma vez que dizem ser de Luther King “Temos aprendido a nadar como peixes, a voar como pássaros. Mas não aprendemos a sagrada arte de viver como irmãos”, e penso que só nos uniremos quando percebermos toda a fragilidade que é comum ao homem, independentemente de religião, etnia, nacionalidade, time de futebol, cultura, gosto musical e alergias.

Aos olharmos nos olhos dos outros veremos refletidos todos os nossos medos, anseios, dúvidas. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Acabamos esquecendo nossa humanidade em algum lugar de nós, mas é só procurar um pouquinho, sabemos onde ela está.

Quem você quer abraçar hoje?

-Eu queria abraçar o mundo. E você?

O pior castigo

Ela já não sabia se podia ser a si mesma. Tudo parecia confuso e estranho, não se reconhecia em seu próprio universo, como se já não mais pertencesse ao seu mundo. Em vão ela fitava o espelho, procurava respostas, mas nem sequer enxergava seu rosto.

O que eram aqueles olhos vermelhos e aquele rosto inchado? Seus traços estavam apagados, deviam ter ficado no seu travesseiro que agora era companheiro constante.

Ele se foi, levou com ele todos os sonhos, levou com ele todos os anos.

Ela abria a boca em vão tentando esboçar um sorriso, mas via apenas dentes amarelados e seu corpo por mais que se esforçasse não conseguia manter-se erguido por muito tempo.

Então, num momento de desespero, quebra o espelho e os estilhaços lhe causam pequenos cortes. Nem ao menos dói, ela já está anestesiada.

Fecha os olhos e, quando os abre novamente ela diz:

-Quem ele pensa que é pra me deixar assim?

Se levanta rapidamente, lava o rosto, faz um belo make e põe seu melhor vestido.

Ele pode até deixá-la em pedaços, mas não ela não lhe dará o prazer de vê-la por baixo.

Abre as janelas e dá a ele o pior dos castigos:

Mostra a ele tudo que ele perdeu com suas mentiras e ilusões. Ela sabe, vai doer muito mais do que doeu a ela a decepção.

O sorriso nos lábios não é de alegria, é de orgulho, pois em meio aos escombros ela encontrou algo que ele não lhe tirou:

O amor próprio!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Um post especial, iniciando com o pé direito...

Bem, eu acabo de conseguir perder a senha do blog da Uol, e perder inclusive a senha do e-mail que havia feito para o blog. Anyway, decidi migrar, hehe.

Hoje quero falar de umas pessoinhas que fazem tão bem e tanta diferença na minha vida.

São mães, mulheres, filhas, irmãs, primas, confidentes, guerreiras, amigas.

Com elas eu aprendo a cada dia. Aprendo a respeitar os limites e ainda sim transpor barreiras, do tempo, do espaço, barreiras que se tornam pequeninos obstáculos diante de tão grandiosos sentimentos.

Aprendo a ser mais sensível, mais crítica, a abrir os olhos, expandir meus horizontes e enxergar longe. Ver além das fotos, dos recadinhos, das conversas divertidas e muitas vezes sérias no messenger.

Aprendo a ser mais eu, me respeitar. Isso porque sou acolhida, respeitada em minha singularidade, em meus sonhos, em meus gestos.

Talvez não seja obra do destino achar um lugar virtual onde você encontra pessoas que compartilham das mesmas opiniões, divergem em outras, mas que em primeiro lugar se respeitam, se ajudam, se unem.

São paulistas, mineiras, gaúchas, goianas, cearences, baianas, alagoanas, de tantas partes desse meu Brasil. São profissionais dedicadas, estudantes ainda, talvez, mas são meninas e mulheres cheias de sonhos, de virtudes, defeitos e qualidades.

Elas ocupam um espaço aqui no meu coração, espaço conquistado dia-a-dia nesses poucos meses, em nossas prosas sem propósito ás vezes, mas que sempre podemos aproveitar algo, nem que seja pra rir.

Primores, meninas, Cortezas, vocês são pessoas importantes para mim, parte da minha felicidade, parte de algo bom que venho construindo, uma relação de confiança, respeito, honestidade. São mais do que podem imaginar.

Em poucos cliques eu pude conhecer gente tão diferente de mim, mas ao mesmo tempo com tanta coisa em comum.

Agradeço pelos papos, pelas opiniões sinceras, pelos sorrisos, pelas madrugadas a "gaiolar", mas acima de tudo pela AMIZADE e CUMPLICIDADE que estamos construindo.

Meu carinho por vocês é do tamanho da distância que nos separa e sei que ainda haveremos de compartilhar muitas coisas boas, muitos sonhos. Desejo poder ver os rostos de cada uma, os sorrisos, dar um abraço apertado, pessoalmente.

Transpor as relações virtuais, concretizá-las, não é isso que um certo moço com pele de golfinho nos ensinou?

Obrigada Las Cortezas,

Que em 2010 nossos sonhos sejam mais que apenas doces devaneios.

Um grande beijo no coração de cada uma!